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Arquitetos: Gonzalo Bardach arquitectura
- Área: 280 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:César Béjar
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto está localizado em Buenos Aires, Argentina, inserido em meio a uma floresta de pinheiros, sobre uma colina que é utilizada para construir uma arquitetura emocional e experiencial através da conexão entre o exterior e o interior.
Essa conexão compreende a topografia natural e utiliza o desnível existente para construir um refúgio, um lugar atemporal, onde se enquadra o vazio e o olhar.
A morfologia do projeto harmoniza arquitetura e paisagem com formas fluidas e orgânicas que se integram através do coração do projeto: um vazio que permite conectar a floresta que rodeia a casa, integrando a frente e o fundo, utilizando a colina para construir um espaço de contemplação e silêncio, um lugar para se conectar com a natureza.
A luz desempenha um papel fundamental no projeto, contribuindo para criar uma atmosfera única e mutável no espaço. A arquitetura se torna uma tela viva onde a luz é filtrada através das folhas das árvores, criando padrões de sombra que dançam delicadamente sobre as superfícies. Neste refúgio no meio da floresta, a luz do sol se torna um elemento dinâmico que constantemente transforma a percepção do espaço, convidando a experimentar uma conexão mais profunda com a natureza e consigo mesmo.
Os materiais são utilizados em seu estado puro, como a pedra, a madeira, o ferro e o vidro, permitindo a criação de espaços únicos e que requerem uma manutenção mínima ao longo do ciclo de vida, integrando-se organicamente ao ambiente. A pedra emerge como o elemento distintivo e expressivo do projeto, adaptando-se à topografia do terreno possibilitando a relação sem esforço entre a arquitetura e a paisagem circundante. A obra se integra materialmente ao ambiente e essa conexão gera um senso de pertencimento e refúgio no meio da floresta.
O paisagismo foi construído em um processo de pesquisa botânica de espécies nativas da região. O resultado é um paisagismo tridimensional multiespécies, não apenas para os seres humanos, mas que serve como suporte para outras espécies.
Propõe-se uma abordagem mais orgânica e menos controlada para o desenho e a manutenção do jardim, cujo projeto paisagístico não segue padrões estáticos, mas foi pensado para evoluir e mudar naturalmente com o tempo. A biodiversidade e a adaptabilidade tornam-se importantes, promovendo a ideia de permitir que as plantas cresçam e se desenvolvam de forma espontânea, permitindo que o jardim adquira seu próprio ritmo e personalidade. O resultado é a beleza e a vitalidade da natureza em constante mudança.
O programa é distribuído em um único andar, organizado em três volumes semienterrados cujas coberturas se conectam ao terreno construindo uma topografia absorvida pela floresta. Os volumes abrigam os ambientes de descanso e serviços e são conectados por um telhado jardim no espaço central onde está posicionado o programa social: cozinha, sala de jantar e sala de estar integrados a uma galeria, assim como a todas as cotas naturais da paisagem.
O design bioambiental, que considera cuidadosamente as orientações solares e os padrões de vento, reflete nosso compromisso com a sustentabilidade, priorizando a iluminação natural em todos os espaços e a ventilação cruzada que permite manter o conforto térmico de forma natural.
A essência dessa arquitetura nasce de um sonho, do desejo de restaurar a conexão perdida entre a natureza e o ser humano. Busca-se revitalizar essa relação ancestral, criando espaços que convidam à contemplação e à introspecção. A arquitetura não é apenas uma construção física, mas uma expressão emocional e experiencial que celebra a beleza e a harmonia do ambiente natural.